14 de dezembro de 2011

Paciente pode ficar melhor com placebo do que com antidepressivo


 

Um quinto dos pacientes em tratamento contra a depressão podem apresentar resultados piores com os medicamentos do que com o placebo, diz um novo estudo.

O trabalho, publicado na revista "Archives of General Psychiatry", combinou dados de sete estudos que, aleatoriamente, atribuíram pacientes a receber por dois meses o medicamento da Eli Lilly Cymbalta, cujo nome genérico é duloxetina, outros antidepressivos ou uma pílula sem medicação (placebo).

Os testes, feitos com 2.500 pessoas com depressão profunda, mostram melhora gradual dos sintomas da doença naqueles tomando o placebo.

No entanto, as pessoas tomando Cymbalta ou outros antidepressivos se enquadravam em uma das duas categorias: a maioria teve um grande declínio dos sintomas da depressão, mas uma parcela considerável não pareceu ter nenhuma melhora.

Cerca de quatro em cada cinco pacientes tomando qualquer antidepressivo responderam ao tratamento e melhoraram progressivamente. Com o Cymbalta, 84% melhoraram, mas 16% não tiveram qualquer progresso.

Os pacientes que responderam à medicação tiveram melhora nos sintomas da depressão bastante superior ao dos que tomaram placebo. Quem tomou o remédio, mas não respondeu a ele, porém, apresentou até piora.
O Que é um Placebo

A palavra placebo vem do latim e foi cunhada da Bíblia cristã, após vários erros de tradução, diz o doutor Ben Z. Krentzman. A palavra apareceu em primeiro lugar no salmo 116 e foi adquirindo uma conotação científica nos dicionários ao longo do tempo.

Hoje, o placebo é em primeiro lugar definido como uma substância inerte ou inativa, a que se atribui certas propriedades (como as de cura de uma doença) e que, ingerida, pode produzir um efeito que suas propriedades não possuem. Muitas pessoas que ingerem, por exemplo, uma pílula contendo nada mais que amido com açúcar, ou um dos dois componentes, revelam melhoras de uma doença, imaginando ter tomado o remédio feito especialmente para essa doença.


Mas o placebo não existe apenas em forma de uma substância. Uma ‘cirurgia espiritual’, até que não se prove que ela genuinamente tenha acontecido, pode ser um placebo. A pessoa ‘operada’ sente o corte, sente a sutura e fica ‘curada’ do mal que a afligia sem passar por uma cirurgia convencional.


Uma terapia também faz às vezes de um placebo, onde às técnicas dessa terapia se atribui um tipo de cura e isso realmente acontece. As chamadas terapias alternativas, como os florais, os cristais, a radiestesia e muitas vezes a própria psicoterapia ainda são consideradas por uma grande parte da ala científica como um placebo, afirma Dr. Walter Brown, psiquiatra.


Mas o uso do placebo não está restrito à área científica ou à área das terapias alternativas. Nossas avós conheciam muito bem os seus efeitos, quando aplicavam suas ‘poções mágicas’, e até mesmo suas histórias na hora de dormir, e curavam as dores de seus filhos, um ensinamento popular que é passado de geração a geração, sem questionamentos.


Também nessa categoria se encontram as orações, que promovem os chamados milagres e a conhecida ‘cura pela fé’, pelo menos enquanto para esses milagres e curas não se encontre uma comprovação, agem como um placebo.


E por fim, os próprios remédios, mesmo sendo fabricados com uma fórmula teoricamente capaz de combater determinada doença, podem, por erro de fórmula não curar determinada doença, mas tomados para esse fim, podem ainda assim agir como um placebo.


Alguns efeitos do placebo estão discutidos na seção a seguir.


O Efeito Placebo


O efeito placebo é o resultado que se pode observar e mensurar, em uma pessoa ou em um grupo de pessoas, diante de um tratamento onde o placebo foi administrado, de acordo com Dr. Robert T. Carroll, que acrescenta: "Por que uma ‘fake’ (falsa, artificial) substância, cirurgia ou terapia faz efeito, isso ainda não é completamente explicado".


Alguns pesquisadores utilizam o procedimento chamado ‘duplo-cego’, em que normalmente existem dois grupos de pessoas, o grupo experimental e o grupo de controle. A um grupo, administra-se a droga ou o tratamento convencional. A outro grupo, aplica-se a droga ou o tratamento do tipo placebo. Dr. Carroll explica que, em um estudo duplo-cego, o pesquisador não sabe qual grupo recebeu a droga indicada para o tratamento e qual grupo recebeu o placebo. Ele só vai saber, diz o médico, quando tiver em mãos os resultados completos, para evitar que o avaliador incorra em distorções de observação e de mensuração durante o estudo.


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